terça-feira, 30 de janeiro de 2007

overdose*

Café
Cigarro
Chocolate
Olhares
Intuição
Café
Água
Tic tac
Gestos
Insinuação
Café
Palavras
Aproximação
Calor
Suor
Café
Risadas
Mão na mão
Café
Fome
Salivação
Lábios
Língua
Dentes
Café
Pescoço
Contração
Desejo
Por dentro
Café
No canto
Arrepio
Garganta seca
Gargalhada
Excitação
Café
Amasso
Fumaça
Sedução
Café
Tesão
* Não dá pra ser a mesma depois de experimentar!

domingo, 28 de janeiro de 2007

antídoto

Deixa que eu permaneça profana
Em cada estrofe escrita na cama
Das nossas noites em claro

Deixa que eu seja tua nova rima
A puta do poema... a menina
Do verso, o melhor pecado

Deixa que a acidez da minha poesia
Molhe tua boca com toda heresia
Do meu veneno imaculado

sexta-feira, 26 de janeiro de 2007

(olhos de) ressaca

The Day after...
A ausência das palavras está "justificada" em Moacir Caetano (esse moço dispensa apresentações... e merece todos os confetes do mundo!!) Meu poeta mais-que-perfeito!!!
Confiram!!!

terça-feira, 23 de janeiro de 2007

avant-première

(um poema idealizado e editado a quatro mãos,
quatro pernas, duas bocas... cena a cena)*
No quarto - cenário improvisado
Cortinas e quadros são platéia
A contar quantos gemidos tortos
Cabem na nossa noite de estréia
Na cama, o lençol é tela
Nela projetamos o melhor do drama
Numa visão distorcida que dispensa câmera
Teu olhar, objetiva lente,
Toma minha nuca em primeiro plano
E cada gesto se prende na razão que se desgoverna
... entre as pernas, um beijo me põe tua boca
E ensaiamos a aventura que se estende
por um roteiro sem direção à procura do foco:
1° ato... meus desejos brilham entre teus dedos
2° ato ... meus seios deslizam e em tuas mãos se encaixam
Em todos os outros atos:
Se clímax me ofereço, te recebo ereção
Amadores e amantes neste filme
Repetimos... a cena... à exaustão

* Obrigada pela contribuição em todos os atos desse roteiro

sábado, 20 de janeiro de 2007

eco

a-
pelos
pelos
poros
pelos
pêlos*



pelo
menos
apelos
nos meus
pêlos

menos
poros
nos meus
(atro)pelos

(Todos os apelos...
que - ainda - silencio)

* apelos feitos pelo poeta para o meu "cio"

em (tuas) mãos

Depois que me deixo contraída
Em teu incansável dedilhar,
e me encaixo umedecida
em teu macio dedo anular...
Calo para que ouças
apenas meu pulsar inquietante
Que desespera de fato
...sabendo-me tua amante

quinta-feira, 18 de janeiro de 2007

dislexia

Para onde foram as rimas
Que se inscreviam em fonemas complexos
Naquele acompanhamento de ritmo
Entre a sintaxe rebuscada e a falta de nexo...?
Onde se meteram meus argumentos
Dilacerados versos sem pretexto
Meus restos de conjugação sem tempo?
Cadê o poema explícito
Que morava nas entranhas viscerais
Dos meus escritos agramaticais?

segunda-feira, 15 de janeiro de 2007

cio*


Cometo excessos
Excedo,
Extrapolo.
Exalo:
Desejos...
pelos...
poros...

*Ao poeta que lê meu silên-cio!

quinta-feira, 11 de janeiro de 2007

messenger

Não me faz falta
Sua escassa conversa
A mesma palavra amarga
Que a rima nega a cada verso
Que você escreve e apaga
Não me farta mais
O vazio que completa as horas
Nem as noites alertas e desiguais
Numa outra imagem casta do rio...
Não me basta falar num grito
o nome que no infinito silencio!

terça-feira, 9 de janeiro de 2007

retrato

Na censura do corpo
A luz do encontro
No teu rosto brilha primeiro
E te conduz à aventura
Do meu porto-labirinto...
A pedir exposto e inteiro
O gosto e a textura
... que ainda hoje eu sinto

domingo, 7 de janeiro de 2007

confissão

Vivo em suas fantasias
Como a vadia a labutar
E no silêncio da cama
Seus fetiches ocupam outro lugar
Sussurro desejos perversos
Na febre da noite cotidiana
Que guarda seu sexo mais perto
Para que ainda me arda a chama

sábado, 6 de janeiro de 2007

teu corpo

(Por Eza, o poeta)

Teu corpo esguio, esbelto e belo
Teus olhos amendoados, sob madeixas, amedrontados
Tua boca voraz com violência e velocidade
Me tirando o chão, ou me atirando a ele, que importa a posição ?

Teus seios pequenos, pontiagudos, perfeitos
Colados ao meu peito, pedinte e carente
De carícias, delícias e malícias
Dos abraços, teu regaço e teus espaços

Tua história de lutas, infindáveis batalhas
Superando no cotidiano o destino maroto
Que sendo justo e equilibrado, todos sabemos
Te reserva a felicidade...a realização plena

quinta-feira, 4 de janeiro de 2007

urbana-mente

Avenida Paulista
Infinita... às seis e meia
Na tarde que pisca vermelha
Enquanto na minha boca
A tua ausência passeia

terça-feira, 2 de janeiro de 2007

os números nos versos*

As mãos passeiam devagar
Traçando o esboço
Da virgem nua que espera
Atentamente excitada:
seu corpo se deleita em letras
e se deita à espreita de um gesto vigoroso
do poeta, pintor clandestino
que rabisca um desejo
tecido em cores vivas na sua carne
E ele a sufoca com as mãos
A insinua em palavras perdidas
Inusitado e vulgar a consome em palavras
Ela, subjugada, se entrega facilmente
Entre letras esquecidas
E palavras conhecidas dos dois
Ela se deixa contornar com a saliva
Colorida que ele inventou
Para juntos apagarem os traços
Que o beijo dele tatuou

* Estes versos nasceram de uma conversa entre mim e um matemático muito sensível que me visita e poetiza em suas voltas...rs... Como eu não citei seu nome no post anterior, aproveito para reparar minha falha neste post, que foi meu primeiro a quatro mãos de verdade...rsrs...(Espero que o Moacir não fique bravo por ter perdido nossa tentativa de tempos passados...rsrs...)