sábado, 15 de novembro de 2014

um verso sozinho não faz refrão

para tecer
um verso
não meço
(nem apresso)
a rima
não presto
atenção
à forma
não penso em pôr
o poema em fôrma
sou antiestética
sem métrica
mesmo assim
não sou concreta
nem me presto
a seguir as regras
me percebo
como um blefe
um plágio
um placebo
criação inútil
e frágil

lírica em demasia
diante do poema
não sou poeta
me sei apenas
poesia

terça-feira, 11 de novembro de 2014

graffiti

Risco muros da cidade
sem rumo nem rima
num traço
minha oportunidade
de assumir sozinha
o incerto diverso
que a poesia
me destina


sábado, 8 de novembro de 2014

jardim

uma sombra
ao lado
do lago
tranquilo desejo
que trago
na ponta
da língua
quase pronta
para outro
beijo

sexta-feira, 7 de novembro de 2014

camerata

Tens um timbre suave
que finge o acorde grave
em semitom agudo
e assim me confundo
entre teus harmônicos sons
... só sei que teus dons
embalam meus gestos afins
e assim teus versos
afinam noutras notas
(que rimam)
quando tocam
em mim


sexta-feira, 24 de outubro de 2014

reencontro poético

há um poema preso
na boca faminta
no gosto, na língua
há um poema posto
no meio das pernas
dentro da rima interna
há um poema explícito
no íntimo contato
do corpo
no gesto
no tato
no verso

quinta-feira, 16 de outubro de 2014

outra saudade

querendo parar de me sentir
uma tola absoluta
pra deixar de confundir
a sensibilidade de Drummond
com a saudade de Neruda

quarta-feira, 15 de outubro de 2014

Dia do Professor


Se hoje eu sou(l) poesia,
é porque você
me ensinou a decifrar palavras
depois me apontou o caminho
das pedras e das perdas
do verso sem rima
a sílaba, o fonema, o som
e se hoje eu soo verbo,
é porque você, mestre,
me fez passear
pelas entrelinhas dos sonhos
e me fez acreditar
nas conjugações mais improváveis
para os tempos atrozes
mas se hoje eu "sou" poeta,
é porque você,
meu eterno professor,
me fez conhecer
todas as metáforas
do maior enigma
da vida:
o amor
[Um agradecimento a TODOS os professores e toda minha admiração  ]

segunda-feira, 4 de agosto de 2014

sábado, 14 de junho de 2014

sexta-feira, 13 de junho de 2014

minhas bagatelas*

será que a gente é insana
ou serena
quando quer que toda dor
vire poema?

será que é masoquismo
ou rebeldia
querer no verso o excesso
da poesia?

será plágio,
novela ou drama
o que a gente
escreve e finge que ama?

será que a gente
é mito ou musa
quando oculta essa dor
filhadaputa?


* "inspirada" na canção "Bagatelas", de Adriana Calcanhotto

quinta-feira, 12 de junho de 2014

sem voz com verso


dialogo
em silêncio
com a mudez
da tua hipocrisia
e o dia logo
em prece
emudece minha
poesia

quarta-feira, 11 de junho de 2014

flexão

mudo
o verbo
na vã tentativa
de (te) conjugar
luto
em latim
a declinar
tuas formas
impessoais:
sujeito
que não concorda
mais
com o mais-que-perfeito
modo pretérito
de te amar

terça-feira, 10 de junho de 2014

segunda-feira, 9 de junho de 2014

domingo, 4 de maio de 2014

outro dia (mas era domingo)

por trás da cortina
a retina traz
o rosto
o gosto
o gesto
fecho os olhos
e os olhos
vendados
veem o resto

quarta-feira, 30 de abril de 2014

a manhã sem poesia

A poesia ficou
ainda inanimada
na cama desarrumada
entre o linho dos lençóis
despertei só-lida
matéria
corpo sem alma
(falo dessa alma: sonhadora)
...etérea
acordei sem nós
hoje sou apenas
sua favorita
revisora

domingo, 27 de abril de 2014

alguma dor


do lado direito
ou no peito
nos ombros
há um peso
feneço
num dó
que soa
ecoa e molha
o rosto
que vejo
no espelho

terça-feira, 15 de abril de 2014

senhas, surpresas e sinais

sossego o sonho
no seu sucesso
na sua sorte:
sensações sublimes
são sempre seguidas
de sonhos...

sinto seu sopro
soluço simbiótico
sacrifico o sagrado
saldo sussurrado
sobretudo
sobre seu sofá
sofro se sobram
silêncios, saudades
... solidões
se se sabem
seus segredos
(sem sins e senões)
são somente
sementes
satisfaço-me
com seu sêmen
salva-dor
na saliva
seu suor
seu sabor
e sobre sibilâncias e saliências
sobressaio
sóbria e sã
saio
sutilmente
sorrio
safada
(sem sutiã)

senhora e santa
sou sempre
sua:

(Sandra)

sexta-feira, 4 de abril de 2014

"faz parte do meu show"

mesmo sabendo que você
aprecia um bom som
arrisco no look, sem batom
... me esforço
pra não perder o ritmo
nem o tom
e me lanço, lúdica,
na música que você canta

na esperança de que
na mesma dança
a gente (se) acabe
noutro samba







sexta-feira, 14 de março de 2014

poesia do dia ou dia da poesia?

penso nos versos
diversos
verbos
conjugo
mudo a rima
ela me assina
minha sina
contudo
é apenas
brincar
com palavras
que julgo
inventar
e assim
passo o dia
pensando
em que poema
escreveria
para a musa
de hoje:
a poesia

quinta-feira, 13 de março de 2014

boato


ela comeu
a lua
mas, prenhe de luz,
ela continua
num poema
em elipse
de rima
em dia
de eclipse


sábado, 8 de março de 2014

terça-feira, 4 de março de 2014

[ins]piração carnavalesca

a poesia 
em seu argumento: 
fantasia ou instrumento, 
batuque em ritmo
de folia...

soltas, as palavras livres
vão descosturando o enredo
e sambam em Sampa
quando, por medo,
desfila no íntimo
(m)eu segredo

e eu sinto
que perco o compasso
erro o passo
e tropeço:
não sabendo
se finjo ou te peço
mais um abraço

domingo, 2 de março de 2014

pra quando o carnaval nos aproximar



só uma alegria
convida a brincar
misturando folia
e poesia
se manifesta:
"quem sabe
destilamos
deste lado
(na floresta)"




terça-feira, 25 de fevereiro de 2014

segunda-feira, 24 de fevereiro de 2014

e outras manhas

Para fugir das suas armadilhas
uso qualquer artimanha
faço vista grossa
revivo nossos clichês
Para cair em suas armadilhas
abuso da rima
invoco até algum pajé
você, em suas armadilhas,
sacaneia minha veia mulher
eu não escondo
que caio com gosto
em sua lábia canalha
se é só isso
que você quer




domingo, 23 de fevereiro de 2014

sede (do verbo ceder)

quanto mais verso
mais inverso eu rimo
e primo por aquilo
que o verbo pede
quando mato a sede
nossa rima cede

sábado, 22 de fevereiro de 2014

abstinência verbal

não necessito de nada
que seja mais 
do que seus verbos
amenos
entre os meus
tempos impessoais

quinta-feira, 23 de janeiro de 2014

domingo, 12 de janeiro de 2014

dígito e improviso


pretexto
escrito
com os dedos
(a língua do poema
dentro da rima)
sem pena
com texto
a gente
ao vento
se inventa
enquanto
caminha