domingo, 29 de dezembro de 2013

hidrografia


na intermitência
dos dias
a poesia me recria
em outras margens
outras paragens
outra guia

e lá deságua
meu (uni)verso
líquido
que insípido
me confunde
com a rima
sem limite
do seu mapa-múndi



sábado, 28 de dezembro de 2013

cheiro

o pelo da pele
apela
e o arrepio
denuncia
o cio
só o cheiro
íntimo
ressuscita
o desejo
explícito
(quase onírico)

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

poema suspenso

Eu quis um verso
controverso
mas o que fiz
foi inverso
e não condiz
com o que
componho:

um sonho
ficou no ar
no altar
por um triz

segunda-feira, 16 de dezembro de 2013

Feliz aniversário!!!

16/12/2004 

Um superdia!

O dia do aniversário deveria ser um dia como outro qualquer, mas não é. Neste dia fazemos de conta que não esperamos nada, mas esperamos tudo.
Primeiro, esperamos que nada de errado aconteça, porque se acontecer, vamos dizer: "Putz, bem no dia do aniversário!" A gente não quer nem uma topada no pé da cama neste dia... Deveríamos ficar invulneráveis no dia do aniversário!
Segundo, esperamos que todo mundo saiba que é o dia do aniversário. Passamos pelo porteiro do prédio, dizemos "Bom Dia", e quando ele responde, pensamos:"Ele não sabe!"... Deveríamos usar uma roupa especial no dia do aniversário, que anunciasse a todos a data festiva! Talvez uma capa!
Terceiro, esperamos ganhar alguma coisa de alguém. Como se a nossa existência fosse uma dádiva para os outros. E do alto de nossa grandeza, dizemos: "Não precisava, não precisava..." Deveríamos ser aclamados na rua quando passássemos, no dia do aniversário!
Quarto, esperamos conseguir disfarçar a cara de tacho, quando abrimos um presente e ele não é bem aquilo que esperávamos! Deveríamos ter visão de raios-X no dia do aniversário!
E quinto, esperamos fazer uma porção de coisas neste dia, só por ser o dia do aniversário. Só que ele passa tão rápido, que quando percebemos, já se foi e só nos restou um ano a mais de idade... Deveríamos ter supervelocidade, ou até voar, no dia do aniversário!
Bem, acho que a gente espera mesmo é ter um superaniversário!
"Não precisava, não precisava..."


 Escrito por Zé do Café

Há 9 anos e alguns posts anteriores ao reproduzido, eu conheci o blog "Hora do Café", cujas postagens inspiradíssimas me levaram a virar fã do autor: "Zé do Café".
Eu estava passando pelo processo de "alfabetização" virtual..rs.. não fazia a menor ideia de como as "coisas funcionavam por aqui"! Fiz meu primeiro blog (cujo nome agora me foge..rs... só sei que tinha a palavra DEVANEIOS...rs) e, ao receber a visita do Zé do Café, tive meus versos elogiados pelo moço!
Todos os anos, no dia do seu aniversário, eu me lembro disso e fico com uma vontade enorme de prestar uma homenagem a ele. Seria uma forma de agradecer a TUDO que "aquele elogio" representou (e ainda representa) na minha vida poética!


sábado, 14 de dezembro de 2013

artefato


seu gosto
no meu corpo
transborda
seu gesto 
me dobra
desde um agosto
(perece)
em prima obra
a pena
se oferece 
qual desejo vivo
em extinção:
AMOR
tece um poema
(de papel)
feito à mão

sábado, 16 de novembro de 2013

comum de dois


em comum,
temos o álibi
o hálito das línguas
ambíguas
ágeis...

em comum,
o calor morno
das salivas
dissolutas
das tardes líquidas
e mudas

em comum,
as incertezas
os mesmos medos:
somos quase
predador
da mesma presa


pois incomum
é nosso hábito
- que rápido
nos consome
ainda que
seu toque
(dentro de mim)
demore

sexta-feira, 15 de novembro de 2013

bilíngue

love me

leve-me

ou
leave me

deixe

me
livre
lead me

finque-me

fixe-se

puxe-me

ou
push me

largue-me

ligue-me
get me
guie-me
give in to me 








domingo, 15 de setembro de 2013

monorrímica


se não te manifestas
julgo que me detestas
E aparar arestas
como estas
é o que me resta

entre as frestas:

o gesto
é
resto

sábado, 14 de setembro de 2013

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

presente (ou o livro de cabeceira)

o poema
que você
tece
tem gosto
de promessa
- moço,
meça bem
seus versos
neles a rima
não tem desgosto
tudo não passa
de um gesto:
é só um gosto
(um presente)
mas veja bem
não se apresente
tão cruel:
pra você é só
um pedaço
de papel
e pode ser
que eu me engane
com esse seu
origami




sábado, 24 de agosto de 2013

triste constatação
saber-me preterida em vez de preferida
não foi erro de digitação

(arte de Fernando Cardoso)

sexta-feira, 23 de agosto de 2013

(casando.....)

no meio dos parênteses tinha um gerúndio
tinha um gerúndio no meio dos parênteses
e isso acabou com meu discurso

domingo, 18 de agosto de 2013

dos domingos vazios

Aos domingos eu crio
(uni)versos
como quem viaja
por espaços intransitáveis
que talvez nem haja
traço e passo
por trechos
insistentemente
percorridos:
palavras gastas,
sem sentido,
anuncio...
Aos domingos eu c(r)io
devoro romances
atrasados
(te) reinvento
por dentro choro e rio
Aos domingos eu (c)rio
naufrago
me perco (s)em seu verbo
às vezes, falo
às vezes, silencio

domingo, 4 de agosto de 2013

domingo, 14 de julho de 2013

síndrome de amor-próprio

sempre
que você
da minha rima
se afasta
minha mão
delicada
me basta
só quando
você se ausenta
do meu corpo
em brasa
a poesia
me abraça
toda vez
que você
me escapa
eu sou
mais
amada


prisma

hoje, surtando,
lembrei como era bom
quando eu via a vida
ton sur ton

terça-feira, 9 de julho de 2013

a valsa* mais doce

lentas,
as notas
vêm ao encontro
dos corpos
e... se tocam...

as mesmas
notas 
macias
dançam na pele
até que se revele
a poesia


no compasso
dos passos
as notas
nos abraços
repetem nosso som

no balanço
das pernas
em laço
seus braços
seus dons

(*para uma bela valsa que me fez sonhar numa tarde fria)


segunda-feira, 8 de julho de 2013

feitiço, fetiches, fantasias

nus
abraçamos
a intimidade
da espuma
a mão insegura
desliza sobre
precisa pele
que cede
à água que desce
pelas pernas
e se perde
entre os membros
(se bem me lembro)
e o corpo
inaugura a mesma
fantasia
nos tecidos tensos
de outra poesia

quarta-feira, 3 de julho de 2013

perecível (ou volátil)


se sentires
que a íris
efêmera
pode ainda
permanecer...
Deixa que a flor
volátil
(como a vida)
pereça múltipla
e última
possa
florescer


terça-feira, 25 de junho de 2013

o caso

se ocaso,
ou sol a pino
se, de fato,
saio ou rimo
se me caso
ou desanimo
sendo obra do acaso
nosso caso
assassino

segunda-feira, 24 de junho de 2013

segunda-feira, 27 de maio de 2013

domingo, 5 de maio de 2013

sábado, 20 de abril de 2013

quinta-feira, 21 de março de 2013

rimos e rimas

se rimos
do verso
triste
é porque
ainda existe
em mim
alegria para
em ti poetar
e então rimos
até das rimas
não ditas
que estão
escondidas

(ao amigo leitor Branco Medeiros)

sem tradução

ouso
em  línguas
várias e outras
provar o gosto
do gozo
que te preparo
enquanto você
ato falho
falo

quarta-feira, 20 de março de 2013

terça-feira, 19 de março de 2013

outra ladainha (ou uma prece que se apressa em pedir perdão)

 
 
Desculpe as palavras duras
desculpe a amargura do verso
desculpe a acidez, o tom dissonante
da fala
É que hoje o silêncio
extrapola minha inspiração
Desculpe o "não" dito assim
sem aconchego nem colo
desculpe se me demoro, se calo

quinta-feira, 14 de março de 2013

no dia da poesia*

já quis fazer
poemas
menos sacanas
já tentei
na boa
plagiar
Quintana
mas minha verve
ferve
é rima quente
o que se bebe
em minha boca
prefiro ser musa
incoerente
não sou poeta
(n)em Pessoa

(*brincadeira inspirada num comentário feita no facebook...)

quarta-feira, 6 de março de 2013

segunda-feira, 4 de março de 2013

polaroide

é só um retrato
o quadro
o close
um perfil capturado
numa passarela
um clic
très chic
um clichê:
é assim
que você
me vê

sábado, 2 de março de 2013

sexta-feira, 22 de fevereiro de 2013

recepção


a boca sente 
quando você chega 
e fica à espera 
que pinte
um beijo envolvente 
como "o beijo" de Klimt


segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

a dor do meu segredo*

eu tenho um segredo
sagrado
guardado
sonhado
eu tenho um segredo
secreto
sincero
sentido
eu tenho um segredo
escondido
perdido
contido
eu tenho um segredo
à espera
do seu ouvido

(*inspirado em "A Flor do meu Segredo", do Almodovar)

domingo, 17 de fevereiro de 2013

poementário*

na poesia
domingueira
uma palavra
entre
as entranhas
me extraña
um verbo distante
me leva a entender
que minha rima
colada na sua boca
feito chiclete
vira poema démodé
se me mastiga
sua mordida
clichê

 (* brincadeira poética estimulada por um comentário de um amigo)

quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

catástrofe


o café esfria 
na estrofe vazia
o verso engole
a rima em goles
e morre em mim
a poesia



domingo, 10 de fevereiro de 2013

desenredo

hoje
eu quero
um poema concreto
sem fantasias
sem folia
hoje
eu trago
um poema
inquieto e tranquilo
com a rima
no mesmo compasso
do verso
carnavalesco
sem alegria
hoje
vou deixar
que a poesia
me destile

meu poema
hoje
não me quer
poeta
o poema me quer
desfile

sábado, 26 de janeiro de 2013

yesterday

o poema de ontem
ainda lateja
dentro do verso
que te deseja
perto


o poema de ontem
ainda vibra
e canta feito mantra 
nos tecidos
na pele
na garganta

o poema de ontem 
é inédito clichê
rima única
entre mim
e você

domingo, 13 de janeiro de 2013

alguns desejos
são como pétalas
néctar incutido
em flor

alguns desejos
são como pérolas
nácar contido
incolor

alguns desejos
são épicos
resignados
à dor


alguns desejos
são bélicos
são só
desejos armados
não amor

terça-feira, 1 de janeiro de 2013

o espelho e o girassol*




seu gesto
tem gosto doce
promessa
de beijo 
na boca 
da "dona moça"
seu gesto meigo
da cor singela
qual flor amarela
que o espelho
espalha 
na tela



(* Obrigada pelo presente, Deivson Trajano, aliás, obrigada por todos os presentes, em todos os sentidos...)
- crédito da foto: Google