segunda-feira, 31 de dezembro de 2012

ex-tudo em P&B

rascunho contigo
um esboço
um claro-escuro
de espessos fios

me expresso
nesse traço
espalho a tinta
sobre o desenho
que você pinta

reforço a tonalidade
(febril)
da pétala
(que nem se abriu)
crio outros tons...
flores...nuances

dou nova forma
às linhas
ponho outras cores
nesse romance










domingo, 30 de dezembro de 2012

reminiscência

eu guardo
na boca
um desejo
em segredo
mas ele
me entrega
quando escorrega
pela ponta
dos seus dedos


sábado, 29 de dezembro de 2012

chuva

o que me acordou
foi o silêncio
do acorde
a nota desafinada
ecoando no peito
uma canção nublada
tocada
só um dó

o passado perpassa
e embaça:
a voz embarga

olho as janelas molhadas
mais nada

astro lógico




minha lua
lenta
na tua lente
se desenha
em completa
sinastria

teu astro
sol refaz a
órbita do verso
no mapa astral

da poesia

segunda-feira, 12 de novembro de 2012

sexta-feira, 9 de novembro de 2012

borboletras





em minhas metamorfrases
me dispo de pele
visto outras cascas
só não abro mão
das asas

sábado, 3 de novembro de 2012

retalho

de versos brancos
o poema é tecido
entre trapos ressentidos

de um ponto de vista geométrico

A falta de perspectiva
da linha lateral
tangencia a curva
entre tantos
planos paralelos
sem outro ângulo
uma hipótese nula
desenha a única seta
na reta hipotenusa


quarta-feira, 31 de outubro de 2012

passatempo

o tempo

oxida os sentimentos

e cicatriza a mágoa:

passa, tempo!

- o tempo não passa

musa


quisera ser musa
de um verso
pulsante
ser a puta
ser a amante
quisera... mesmo
ser a fêmea
de seu melhor poema
a rima preciosa
que se faz rara
quando você goza


sábado, 27 de outubro de 2012

declaração (pública) de amor

dos bens que guardo
no peito ou nas gavetas
tua palavra certeira
teu verbo farto
é tudo que regalas
desde a página primeira
em que leio tuas letras

(ao poeta André Luis Gabriel)


terça-feira, 23 de outubro de 2012

conjugais

meu eu lírico
tímido
rima singular
e intangível
no verso
que conjuga
tua segunda pessoa
inflexível

domingo, 21 de outubro de 2012

vigília

perverso
esse desejo
insone
é tudo
o que
nesta noite
me consome

guerrilha

e deixar que tudo
seja poeira
na imensa memória
e fazer do mundo
aliado desperto
da mesma história
baixar a guarda
ignorar a ameaça

que o amor
quando é certo
mantém o passado
no verso

segunda-feira, 15 de outubro de 2012

degustação



leva (leve) na saliva
o sal que fica:
o desejo em carne viva

guarda na língua
meu doce e ácido
o máximo gosto
do gozo
e diz que "te gusta"
se me degustas








sexta-feira, 12 de outubro de 2012

terça-feira, 25 de setembro de 2012

cartão

Que presente eu daria
pra quem hoje aniversaria?

Fugiria eu do clichê
"Parabéns pra você"?
Faria um poema
sem algemas
com o brilho
das estrelas?

Que presente eu daria
pra quem hoje aniversaria?

Se meu desejo coubesse
num envelope
mandaria um beijo
a galope
Ah... se eu pudesse!

Mas que presente eu daria
a quem hoje aniversaria?

Se nas mãos não levo
nada que agrade,
é porque por dentro
não há o que desate
esse nó na garganta
essa falta tanta...

e eu pergunto a você
que hoje aniversaria:
que presente meu quereria?



sábado, 22 de setembro de 2012

é primavera



De seu jardim
a efêmera íris
floresce
perene em mim
num aceno de adeus 
ao inverno
peço a você: 
nesta primavera
que me acolha 
num beijo eterno

segunda-feira, 17 de setembro de 2012

um poema em rascunho: meu melhor clichê


O que dizer
quando as palavras
vêm num voo
que rasga
o meu céu
e a estrela que salta
dos olhos
é a mesma que molha
o papel?

Um pedido
ainda sufoca
na boca

e faz o verbo
engasgar
e arranhar 
a garganta

O que clamar
se a súplica
suplica
só um desejo
e a única
resposta
que fica
exposta
no corpo
é a falta
do mesmo
beijo?

Como dizer
tudo que vai
com o outro
quando o outro
é sempre 
você?

Em que lugar (in)comum
ficamos cada um
sem perceber
que só o que nos une
é este inútil
clichê?

domingo, 2 de setembro de 2012

sem cabimento (talvez)

Talvez eu não caiba
no seu sonho
porque o desejo do meu corpo
lhe causa desconforto
Talvez a minha festa
seja modesta
pro seu apego
em demasia
Talvez você não saiba
preencher as linhas em branco
que estão reservadas
para nosso romance

É, acho
que me iludir
com sua falta de promessas
é apenas um método
perigoso
de tentar curar meus medos

Talvez você não caiba
no meu imenso pensamento
simplesmente porque
não tem cabimento

quarta-feira, 29 de agosto de 2012

sábado, 25 de agosto de 2012

mensagem




Leio teu e-mail
Te releio
e no meio
do teu verbo
alheio
(meu) querer
é só um meio
De dizer
(eu te amo)

terça-feira, 21 de agosto de 2012

das declarações tardias*

Saber do teu amor
sabor do meu prazer:
arder

Saber que guardas
nas gavetas
ou cofres abertos
os sabores
que as salivas
souberam perto

Saber do teu amor
fim da tortura
da busca
ainda me assusta

(*Para você, meu amor)




segunda-feira, 6 de agosto de 2012

sexta-feira, 3 de agosto de 2012

recolhimento

Lamento
mas no momento
a estação é de recolhimento
internamente inverno...
me interno
à espera
da nossa primavera
eterna

sábado, 28 de julho de 2012

recordações



        (para você)

laço a linha do tempo
num momento
se desenha no tecido
o que a agulha borda
em cada ponto
do que eu tinha
me esquecido

quinta-feira, 26 de julho de 2012

conjecturas

isso de supor
sobre pôr
seja lá como for

essa demora
esse estar dentro
mantendo-se fora

esse agora
noutro momento
outrora...

quarta-feira, 25 de julho de 2012

em tempo


Gosto de epígrafes, de dedicatórias, 
de intertextualidade e de contexto

Gosto do gosto que o beijo deixa no passado
gosto do sussurro que leva ao gozo
do gosto que o gozo exala no corpo
gosto do que em mim fica impregnado

Gosto das palavras ditas 
entre quatro paredes
entre aspas
entre parênteses

terça-feira, 24 de julho de 2012

tempo

com o tempo
aprendi a ser menos volúvel
me tornei mais vulnerável
percebi que o tempo
é volátil

quinta-feira, 5 de julho de 2012

quarta-feira, 27 de junho de 2012

terça-feira, 26 de junho de 2012

retrato em branco e preto (ou a foto de perfil)


teu rosto
na moldura
hora ou outra
me encontra
à tua procura

eu visito
teu sorriso
te vejo em close
(em pose de astro)
e acho que é pra mim
que teu olho olha

a falta de cor
que decora tua face
colore meu pensamento
por dentro, um desejo
comemora
na tela passa um filme
em branco e preto
com direito
a trilha sonora


domingo, 24 de junho de 2012

ménage à trois


se a rima 
desperta
ambígua
entre seus versos
e minha língua

se cada nova estrofe
de dissolve
antes que poesia
se mostre

deixemos a forma
escrita a pena
criemos o poema
à nossa moda

terça-feira, 12 de junho de 2012

domingo, 10 de junho de 2012

letargia

Guardei mais um soneto
num frasco de cianureto
o silêncio do verso
(meu vício)
pus num vidro de silício
o suicídio do poema
me serve de tema
mas não vira notícia...
a rima sem malícia
pede uma injeção de morfina
(para aliviar os sintomas)
a poesia permanece em coma
e na solidão absoluta
ingere mais uma dose
de cicuta

domingo, 3 de junho de 2012

quarta-feira, 30 de maio de 2012

segunda-feira, 28 de maio de 2012

domingo, 27 de maio de 2012

replay

onde os olhos
não te alcançam
fica de mim o melhor
e cega me vejo
incompletamente só

paraliso a cena
do filme sem história:
ele ainda me fita
através da dor
que te fixa
na minha
memória

domingo, 6 de maio de 2012

gestos

Se os olhares divergem
nossas imagens desfocadas
pedem outros tons
no muro, desenho ludicidades
sem pretensão
e você me censura
me rasura com sua agressividade
e desatenção

domingo, 8 de abril de 2012

sábado, 17 de março de 2012

ressaca

... e de manhã,
quando acordo
e me olho no espelho
ainda latejo
e todos os meus lábios
sentem teu beijo

terça-feira, 6 de março de 2012

Feita em versos

Minha rima feminina
vibraria por alice
num haicai se ruísse
E despertaria performática
Quase tão multimídia quanto elisa
talvez se molhasse nos naufrágios de cecília
ou nos versos suicidas de ana cristina
se se mostrasse tão lasciva quanto adélia ou hilda
e poetizasse outros fetiches
poetaproseando quase clarice


"Enquanto faço o verso, tu decerto vives.
Trabalhas tua riqueza, e eu trabalho o sangue.
Dirás que sangue é o não teres teu ouro
... E o poeta te diz: compra o teu tempo.
Contempla o teu viver que corre, escuta
O teu ouro de dentro. É outro o amarelo que te falo.
Enquanto faço o verso, tu que não me lês
Sorris, se do meu verso ardente alguém te fala.
O ser poeta te sabe a ornamento, desconversas:
“Meu precioso tempo não pode ser perdido com os poetas”.
Irmão do meu momento: quando eu morrer
Uma coisa infinita também morre. É difícil dizê-lo:
MORRE O AMOR DE UM POETA.
E isso é tanto, que o teu ouro não compra,
E tão raro, que o mínimo pedaço, de tão vasto
Não cabe no meu canto."
(inspiradores versos de Hilda Hilst)

domingo, 26 de fevereiro de 2012

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

sábado, 21 de janeiro de 2012

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

soneto de infidelidade (paródia sem-vergonha)

Nem sempre, meu amor, esteja dentro
Antes, saiba fazê-lo entre tantos
Que mesmo em fase de algum lamento
Estremeça em meu corpo vibrando

Quero tê-lo nos vãos em movimento
E nesse calor me lambuzar de encantos
E rir sem siso, te desejar num canto
do meu delírio de acasalamento

Assim, em cada vez que te procuro
Quem sabe, com sorte, eu ainda salive
Quem sabe, com tesão, na minha cama


Eu possa ter teu membro em riste:
Que não seja só rápido, mas sacana
Que esteja interno enquanto duro